INFORMATIVO: SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MULTIPLA
Entende-se por deficiência
múltipla “a condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas
que revelam associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos
intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social” (MEC/SEESP,
2002). As crianças com qualquer deficiência, independentemente de suas
condições físicas,sensoriais, cognitivas ou emocionais são crianças que têm
necessidade e possibilidade de conviver, interagir, trocar, aprender, brincar e
serem felizes, embora, algumas vezes, por caminhos ou formas diferentes. Essa
forma diferente de ser e agir é que as torna ser único, singular. Devem ser
olhadas não como defeito, incompletude ou incapacidade, mas como pessoas com
possibilidades e dificuldades que podem ser superadas ou minimizadas.
Os alunos com deficiência múltipla podem apresentar alterações
significativas no processo de desenvolvimento, aprendizagem e adaptação social.
Possuem variadas potencialidades, possibilidades funcionais e necessidades
concretas que necessitam ser compreendidas e consideradas. Apresentam, algumas
vezes, interesses inusitados, diferentes níveis de motivação, formas incomuns
de agir, comunicar e expressar suas necessidades, desejos e sentimentos. A
inclusão desses alunos no sistema regular de ensino é desejada por famílias,
escolas e professores solidários que se propõem a assumir esse desafio. As escolas
que têm obtido êxito no processo de inclusão adotam como compromisso o respeito
à diversidade e diferenças individuais, a adaptação do currículo e a
modificação dos recursos metodológicos e do meio.
Trabalhar com pessoas com múltiplas deficiências requer um compromisso
no que se refere à autonomia da criança ou adolescente. É necessário buscar
atividades funcionais que favoreçam o desenvolvimento da comunicação, das
interações sociais, levando em conta as potencialidades do aluno. Através das
tecnologias assistivas pode-se criar alternativas que permitam ao aluno com
deficiência fazer parte do processo de ensino-aprendizagem.
A surdocegueira é a deficiência, em diversos graus, dos sentidos de
audição e visão; isto é, o surdocego pode ver ou ouvir em pequenos níveis,
dependendo do caso.Com base nos estudos de McInnes, a fim de classificarmos
alguém de surdocego é preciso que esse indivíduo não tenha suficiente visão
para compensar a perda auditiva, ou vice-versa, que não possua audição
suficiente para compensar a falta de visão.
Não se trata de simples somatória de surdez e cegueira, nem é só um
problema de comunicação e percepção, ainda que englobe todos esses fatores e
alguns mais (McInnes& Treffy, 1991). Segundo Telford & Sawrey (1976),
quando a visão e audição estão gravemente comprometidas, os problemas
relacionados à aprendizagem dos comportamentos socialmente aceitos e a adaptação
ao meio se multiplicam. Com base nos estudos de McInnes, a fim de
classificarmos alguém de surdocego é preciso que esse indivíduo não tenha
suficiente visão para compensar a perda auditiva, ou vice-versa, que não possua
audição suficiente para compensar a falta de visão.
A falta de audição faz com que a criança surdocega não possa responder
usando a fala ou o movimento do corpo (ex: voltar-se para a pessoa que a chama).
Outras vezes, o comprometimento visual pode restringir os movimentos da criança
na exploração sensório-motora de seu ambiente físico e humano. As implicações
das limitações visuais e auditivas nas interações podem ser minimizadas com a
introdução do toque.
Muitas crianças parecem não gostar de serem tocadas por não conseguirem
identificar a origem e o significado do toque. Nesses casos, a utilização de
objetos e/ou toques familiares à criança poderão ser usados como meio
intermediário entre a criança e o professor. Esse é um fator importante no
sucesso das interações. Na ausência desses cuidados, a criança surdocega poderá
apresentar comportamentos inadequados socialmente, ou seja, pode desenvolver
comportamentos indesejáveis, como movimentar aleatoriamente as mãos e/ou corpo,
emitir sons, direcionar o olhar compulsivamente para luz, provocar sons em
locais com vibrações mais intensas e tatilmente perceptíveis, balançar, bater
os pés, apertar os olhos, agredir-se, entre outros. Estes comportamentos
reativos são geralmente recursos utilizados pela criança para substituir a falta
dos estímulos adequados e dão aos educadores informações importantes quando interpretados
numa perspectiva comunicativa.
O papel do professor, intérprete ou guia-intérprete junto à criança
surdocega será o de suprir sua carência de funcionamento sensorial com
estímulos organizados e significativos, promovendo a construção de sua
consciência e imagem corporal, seu desenvolvimento motor
e afetivo, e também sua autonomia (Erikson, 2002).
Fonte Bibliografica :
Nascimento, Fátima Ali Abdalah Abdel Cader Educação
Educação infantil ; saberes e práticas da inclusão : dificuldades de
comunicação e sinalização : surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. [4.
ed.] / elaboração profª ms. Fátima Ali Abdalah Abdel Cader Nascimento -
Universidade Federal de São Carlos – UFSC/SP, prof. Shirley Rodrigues Maia –
Associação Educacional para a Múltipla Deficiência - AHIMSA. – Brasília : MEC,
Secretaria de Educação Especial, 2006.
1. Educação infantil. 2. Pessoa com deficiências múltiplas. 3.
Atendimento especializado.
4. Educação inclusiva. I. Maia, Shirley Rodrigues. II. Brasil.
Secretaria de Educação
Especial
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